segunda-feira, 15 de junho de 2015

Anime: Nana

Passei um bom tempo sem me apaixonar por um anime. Até assisti animes novos e curtos, mas nenhum fazia meu coração balançar, nenhum me viciava a ponto de eu não conseguir me concentrar em mais nada (é dos animes que fazem isso, que eu gosto). Nessa fase, decidi rever alguns dos meus animes favoritos, entre eles Paradise Kiss. E foi revendo Paradise Kiss que cheguei à Nana, cujo mangá é da mesma autora, Ai Yasawa, e a qual eu já tinha ouvido falar, mas por algum motivo ainda não havia assistido. E fico feliz em dizer que finalmente, uma história voltou a despertar meu amor. Nana é lindo em absolutamente tudo.



A premissa é relativamente simples, mas começa com uma coincidência que beira o surreal: um belo dia, duas garotas chamadas "Nana" pegam o mesmo trem. Ambas tem vinte anos, e ambas estão saindo de sua cidade natal para ir à Tóquio, a fim de começar novas vidas. As personalidades delas são opostas: Nana Komatsu é uma garota romântica, extremamente carente apesar de ter sido criada em uma família feliz, e cujo fraco são os homens - ela simplesmente não consegue ficar sozinha e se apaixona com uma facilidade absurda, o que a fez embarcar em várias canoas furadas. Já Nana Osaki teve uma vida dura desde o início. Ela nunca conheceu o pai, foi abandonada pela mãe e criada por uma avó fria, sendo então uma adolescente isolada e que intimidava um pouco os colegas, mesmo sem se dar conta. Os motivos para as viagens de ambas também são diferentes. A Komatsu decide ir para Tóquio para tentar um emprego lá e assim ficar perto do atual namorado, Shouji, que se mudou dois anos antes para fazer faculdade. A Osaki também tem um amor em Tóquio, mas não é para encontrá-lo que ela está indo para lá. Ren Houjo, que fazia parte de sua antiga banda, se mudou para fazer carreira como baixista de uma banda famosa, o "Trapnest". Nana Osaki, após tomar coragem, também parte levando uma bagagem de mão e sua guitarra nas costas, decidida a também tentar viver de sua música.




As duas Nanas esbarram no trem, viajam sentadas uma ao lado da outra e conversam sobre suas vidas, mas acabam indo para lados opostos assim que descem na estação. Mas como a vida é uma caixinha de surpresas (rsrsrsrs), elas se encontram novamente, justamente quando acabam olhando o mesmo apartamento para alugar. E decidem dividir o lugar. E assim surge a mais linda amizade entre duas mulheres, que eu ansiava ver em um anime. Despida de qualquer rivalidade e, o melhor de tudo, despida de qualquer eventual "briga" por homem, algo extremamente raro de se ver retratado. A relação dessas duas garotas engole até os melhores casais do anime, e me deu até vontade de também ser amiga delas.



Essa história é incrível por ser um dos mangás/animes mais realistas que já vi, se não for o mais. Ninguém é  mocinho ou vilão, ninguém é perfeito, ninguém é particularmente mau. Mesmo os mais bonzinhos tem atitudes duvidosas em alguns momentos, e até os mais controversos tem momentos de doçura. As personalidades dos personagens são fascinantes, e as situações que acontecem na trama são verossímeis feito um tapa na cara. Até mesmo uma garota namorar e ter um filho com seu ídolo acaba convencendo, no contexto de Nana. E até mesmo os momentos mais tristes tem sua beleza.

A sintonia entre as protagonistas é instantânea, já que os temperamentos delas se "completam", de certa forma. Nana Komatsu, por ser carente, desde o início se empolga com a mudança e faz tudo para agradar a Nana Osaki, o que faz com que a roqueira logo dê a ela o apelido de Hachi/Hachiko (fazendo alusão ao cachorro famoso), já que a jovem é como um cachorrinho. Apesar de isso parecer pejorativo no início, o apelido pega e logo os amigos de Nana (que se tornam amigos de Hachi também) a estão chamando assim, e ela até gosta. E por falar em amigos... são eles os antigos membros da banda Blas't, da qual Nana é vocalista: Nobu, o rico herdeiro de um hotel famoso que larga tudo pelo sonho de viver da música e parte em busca da amiga para retomar a banda com ela, e Yasu, antigo líder e baterista do Blas't, que também é advogado, amigo e espécie de protetor da moça, com um amor reprimido por ela que fica subentendido desde o início. Com a ajuda de Hachi, eles encontram Shin, o baixista que ficará no antigo lugar de Ren. E com essa nova formação do Blas't, são duas as bandas de sucesso do anime. A outra é o Trapnest, banda já famosa que, além de Ren, tem a vocalista Reira (linda com suas voz e seus cachos), o estabanado Naoki e o líder Takumi.




As relações amorosas e de amizade são muito fortes em Nana, e alguns personagens são muito facilmente julgados. A mais julgada de todos sem dúvida é Nana Komatsu, a Hachi. Ela é extremamente namoradeira, considerada "fácil" e muito insegura e impulsiva, e imaginem o prato cheio que isso é para os machistas. Alguns comentários de quem assistiu chegam a dar repulsa, sempre criticando a garota por sua conturbada  vida amorosa. O comportamento dela é algo que eu não aprovo, justamente pela entrega de cabeça nos namoros e sofrimento que isso causa. Mas me dá vontade de dar uma bifa em quem chama a guria de tudo que é coisa por causa disso. Ô povo, machista, viu! A Hachi é aquela amiga que vive levando puxões de orelha da gente, mas ainda assim é uma pessoa boa e de coração puro, e não entendo porque as pessoas gostam tanto de vilanizá-la. Outros injustamente vilanizados são Shouji, o namorado de Hachi no começo da história, e Sachiko, a garota com quem ele trai Hachi. Todo mundo xingando o cara de mau caráter, todo mundo extremamente moralista, colocando a infidelidade como coisa mais horrível do mundo, como se fosse pior que bater na própria mãe, algo digno do inferno, mesmo. E todo mundo xingando a Sachiko de puta, piranha e coisas bonitas do tipo, sem nunca considerar os sentimentos dela. Ah, meu ovo... ¬¬ Parafraseando a Dani Calabresa: "santos, vocês já podem ser canonizados".



Dentre os personagens mais fascinantes e intrigantes, estão a Nana Osaki (que eu amo de paixão) e o Takumi (que eu não gosto tanto assim). Os dois são fascinantes por serem uma incógnita. A Nana, apesar de toda a sua força, de toda a sua independência, de seu jeito cool e "tô nem aí", no fundo é uma mulher possessiva (vide o cadeado que ela deu para o Ren e o ciúme inconsciente que ela sente de Hachi) e que por vezes mostra um forte desequilíbrio emocional, como quando quebra os copos ao saber que Hachi vai morar com Takumi, e quando tem uma crise e não consegue respirar, após uma discussão com Nobu. Nunca se sabe exatamente o que se passa na cabeça e no coração de Nana, e é isso que a torna uma personagem tão rica.

Já Takumi é um caso a parte. Seu destaque vem todo por conta do caso tórrido com Hachi, e é justamente por Hachi que ele - um cara que se mostra frio o tempo todo - acaba revelando uma curiosa faceta. Ele se mostra magoado ao ser "trocado" por Nobu e, no auge dessa mágoa conta ao rapaz sobre a gravidez da moça, revelando que pretende assumi-la mesmo que a criança não seja sua. Takumi causa uma raiva sem medidas em algumas cenas (principalmente porque o Nobu é um amorzinho e combina muito mais com a Hachi <3), mas em outros é fácil de se entender. Estranhamente apegado à Hachi e ao bebê que ela carrega. E vindo de uma família falida, assim como Nana. Uma garota comentou uma coisa interessante no site Anitube: Takumi é quase uma "versão masculina" da Nana. Se levarmos em conta que a ligação mais forte da Hachi é justamente a Nana e que, mesmo amando o Nobu, ela não consegue se desligar do Takumi, isso faz total sentido.





Eu poderia passar horas e horas falando/escrevendo sobre Nana, com todos os seus personagens riquíssimos e ligações fascinantes: a ligação Reira e Shin, que eu shipei muuuuito; A ligação Nana e Yasu, uma amizade misturada com amor que me fez desejar ver os dois juntos, apesar de eu ficar arrepiada com as cenas de pura paixão dela e do Ren; Junko e Kyosuke, casal de amigos da Hachi que são incríveis e verdadeiras figuras paternas para ela, em Tóquio; Não há absolutamente nada desnecessário em Nana, é aquele tipo de anime que a gente queria que passasse no horário nobre, no lugar das novelas (#Sonho). E é por esse motivo que fico tão frustada, com a falta de previsão para uma continuação. O mangá ficou em hiatus desde 2009, quando Ai Yasawa adoeceu e parou de escrevê-lo. Assim o anime também ficou sem previsão de uma segunda temporada, o que deixou eu, os fãs e toda a torcida do Corinthians arrasada. Muito triste que uma história tão fantástica fique com aquele "final sem final" do episódio 47. Então, eu faço aqui duas recomendações: 1)Assista, porque esse tem tudo para se tornar o anime da sua vida. 2)Mas assista com a consciência de que ficará frustado, quando terminar.




Tenho fé, e fico aguardando pela continuação de Nana. Com tanta coisa medíocre por aí, é um pecado que um anime como esse simplesmente não ganhe um desfecho digno.




Assista Nana aqui.

Um comentário:

  1. Olá, tudo bem? Parabéns pelo blog, amei seu texto! Também sou apaixonada por Nana e gostaria de saber se você pode me recomendar algum outro anime que seja similar ou desperte sentimentos similares. Você já citou o Paradise Kiss que nunca vi mas vou procurar agoraaa, mas tem mais algum? Estou sofrendo há anos pelo fim de Nana, por não ter nada pra suprir esse vazio que ficou, haha!

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